Guia definitivo sobre a censura na Internet
Índice:
- 1 Introdução à espionagem de conteúdo e à censura na Internet
- 2 Por que a Internet é censurada?
- 3 Censura na Internet
- 4 Países com os maiores e os menores índices de censura
- 5 Qual o índice de censura nas mídias sociais?
- 6 Qual o índice de censura nos sites de notícias?
- 7 Censura no sistema de educação
- 8 Como é feita a censura na Internet?
- 9 Como lutar contra a censura
- 10 Conclusão – lutando contra a censura em uma era de censura digital
1 Introdução à espionagem de conteúdo e à censura na Internet
A censura online está se tornando um assunto cada vez mais relevante, já que há vários atores exigindo o controle do fluxo de informações livre online. A importância da liberdade e da mídia independente e das fontes de informações não pode ser menosprezada nos dias de hoje, já que a influência de uma Internet livre possui um impacto profundo sobre a opinião pública.
Isto já foi comprovado bastante pelos escândalos do Wikileaks, onde uma quantidade imensa de informações pode ser disponibilizada através das ações de um dedo-duro. Sem a existência de uma mídia livre onde estas informações poderiam ser publicadas, nenhuma dessas histórias poderiam ter vindo à tona e o público estaria desinformado.
As autoridades do governo acusaram o Edward Snowden de “terrorismo” e estão buscando apreendê-lo para que ele seja punido pela publicação de informações verídicas sobre as ações de pessoas de grande poder. Há uma teoria de que as informações publicadas representam uma porcentagem minúscula e que muitas mais estão sendo protegidas do público.
Em nível prático, há também forte evidência de que a maioria das atividades online estejam sendo monitoradas. Isto não é apenas um caso isolado na China, que possui uma lei bem mais rígida e clara sobre a censura na Internet. Isto também está acontecendo nos Estados Unidos e na Europa, embora em um nível bem mais meticuloso.
O Google possui um banco de dados enorme, cheio de registros das atividades dos usuários, que está geralmente conectado a um endereço do Gmail (que também está geralmente conectado a um número de telefone) e que corresponde ao endereço IP do usuário. Não é novidade que o Google, o Facebook, e vários outros conglomerados estejam distribuindo os dados dos usuários voluntariamente à Agência de Segurança Nacional americana. Inclusive, o Google hospedou, certa vez, um servidor Dropbox especial para a Agência de Segurança Nacional americana.
Também foi descoberta uma colaboração entre o Yahoo, a Microsoft e a Agência de Segurança Nacional americana, em que estariam distribuindo os dados dos cidadãos privados para a ASNA. Quantos dados do Google são atualmente distribuídos é desconhecido, entretanto, é possível afirmar que a ASNA possui acesso a todos os dados do Google, seja de forma direta ou indireta. Afinal, foi descoberto que a ASNA estava em uma colaboração com a AT&T para interceptar a transferência de comunicações do mundo, não só violando a privacidade dos cidadãos americanos (e também as chamadas e as mensagens do Skype), mas também a privacidade dos cidadãos da China, da Europa, da Rússia, e do Oriente Médio.
Embora isso tudo não constitua exatamente um nível de censura, o fato é que as suas atividades online estão sendo monitoradas, e que isto é geralmente o primeiro passo ou uma parte fundamental do processo de censura. Desta forma, os poderosos podem espionar as tendências atuais e os padrões e as opiniões públicas. Assim, eles podem decidir o que censurar e em qual nível.
2 Por que a Internet é censurada?
As tendências online geram bastante dinheiro, já que o governo e as empresas podem colher os dados para fazer uma análise de mercado. Elas podem ser bastante precisas e prever os processos eleitorais. Estes dados também servem para fortalecer o governo, oferecendo a oportunidade de destruir qualquer atividade que seja considerada oposta à narrativa estabelecida. Relembrando, isto pode ser comprovado se olharmos para a China, onde a divergência de opinião pública é destruída antes mesmo de se tornar uma ameaça às hierarquias do país. O caso em Tiananmen Square é um bom exemplo, onde estudantes universitários foram massacrados por exercer o seu direito de protestar pacificamente.
O motivo principal pelo qual a censura online existe é para impedir a criação de opiniões que sejam opostas às idéias de quem está no poder. Movimentos e grupos políticos podem ser criados online e ganhar bastante poder, e os sites da Internet, junto às mídias sociais, são uma ferramenta incrível para tais grupos e movimentos.
Sem eles, não poderíamos saber dos vários escândalos e das atrocidades sendo cometidas pelo mundo todo. Tais atrocidades não acontecem apenas em países em desenvolvimento governados por ditadores, mas também acontecem nos países mais desenvolvidos da sociedade Ocidental através das ações de políticos, bancos, executivos empresariais, e famílias da elite.
Claro, também existe um nível ‘limpo’ de censura. Obviamente, a democracia não deve ser usada como um escudo para absolutamente tudo. Por exemplo, a jornalista Caithlin Johnstone expressou a sua opinião ao dizer que “o mundo será um lugar melhor quando [John McCain] estiver morto”. Isto é um abuso do direito da liberdade de expressão. Este tipo de linguajar (o chamado discurso de ódio) também é levado em conta na legislação de vários países democráticos.
Qualquer expressão que seja usada para incentivar a violência contra uma pessoa ou contra um grupo étnico pode abrir as portas para um processo legal e é geralmente censurada pelos moderadores de sites de fórum e de mídias sociais. Certamente, há um nível adequado de censura, necessário às vezes. Mas há de haver um equilíbrio delicado, já que a censura em massa ou a interferência por parte do governo ou das entidades empresariais precisa ser evitada. Isso geralmente leva à opressão e a um nível inadequado de censura, que serve apenas para ajudar as autoridades a fortalecer o seu próprio nível de censura.
Os provedores de Internet frequentemente bloqueiam conteúdos que incentivam a pornografia infantil, e em alguns governos, um juiz pode ordenar que um artigo seja removido da Internet caso ele constitua como “discurso de ódio”. Na França e na Alemanha, a propaganda Nazista está banida, assim como os sites que levam à dúvida a existência do Holocausto. Embora esse tipo de censura pareça ser necessário e razoável, há sempre o risco de se tornar algo pior. Na França, por exemplo, um projeto de lei foi aprovado em 2009 em que os usuários da Internet poderiam ter o seu acesso suspenso por 12 meses. Na Romênia, um provedor de Internet pode levar uma multa de quase R$750.000,00 por permitir o acesso a um site que foi censurado.
3 Censura na Internet
A pergunta de quanto a Internet realmente é censurada permanece. Deve ser lembrado desde o princípio que a Internet não é um único lugar gigantesco com um conjunto globalizado de padrões e normas. Em algumas regiões, a censura pode ser rígida (como na Turquia) e em outras, como no Ocidente, a censura é geralmente considerada leve. Entretanto, isso acontece apenas porque o nível de espionagem de atividades online no Ocidente é bem mais avançado e sofisticado do que no Oriente e nas regiões menos desenvolvidas.
As empresas ocidentais e as suas agências de inteligência são consideradas altamente eficazes ao colher os dados de algum indivíduo. Elas podem facilmente obter um acesso universal a um banco de dados de informações, como as buscas do Google, o endereço IP de vários dispositivos, as autenticações em consoles de jogos, passagens de vôo, compras em cartões de débito, e muito mais.
Qualquer dispositivo que esteja conectado online está praticamente enviando sinais para uma antena onde todas as atividades são registradas. O seu dispositivo representa um nó em uma grande rede (a Internet) e quando um hacker ou uma agência do governo ganha acesso ao seu nó, eles podem descobrir basicamente tudo o que precisam. No caso do governo, eles possuem um nível de poder ilimitado com a ajuda das agências de cartão de crédito, dos sites de mídias sociais, da Microsoft, do Yahoo, do Google e de outros que estão sendo forçados a os ajudarem.
É difícil encontrar dados precisos sobre a censura na Internet. Afinal, estas informações são obtidas geralmente através da própria Internet. Entretanto, considere alguns dos seguintes dados fornecidos pelo site statistica.com e por outras fontes confiáveis online:
- 58% dos usuários da Internet vivem em países onde os criadores de blog são presos por compartilhar conteúdo político, social ou religioso.
- 45% dos usuários da Internet vivem em países onde a postagem de texto satírico, charges ou vídeos engraçados podem levar a uma sentença de prisão (isso não acontece na Europa ou nos Estados Unidos, já que a sátira é protegida pela constituição).
- A Islândia e a Estônia são considerados os países com os menores índices de censura na Internet, seguidos pelo Canadá, pela Alemanha, Austrália, e pelos Estados Unidos. A China, a Síria e o Irã são considerados os piores. A Turquia logo estará se juntando a esta lista.
- 61% dos usuários da Internet vivem em países onde as críticas ao governo, ao exército, e às famílias de poder são sujeitas à censura.
- 38% dos usuários vivem em países onde mídias sociais e aplicativos de envio de mensagens foram bloqueados no ano recente.
- Em escala global, 64% da população está preocupada com a censura do conteúdo disponibilizado na Internet feita pelo governo.
- De acordo com o site The Verge, 66% da população mundial vive sob a censura de um governo, referenciando um relatório da organização Freedom House. Semelhante ao site Statistica, o relatório indicou que a China era o país mais censurado do planeta, seguido pela Síria e pelo Irã.
- Em escala global, 27% de todos os usuários da Internet vivem em nações onde as pessoas podem ser presas pela publicação, compartilhamento, ou até mesmo pela curtida de conteúdo no Facebook.
- Em mais de 38 países em 2015, foram realizadas prisões com base em publicações feitas nas mídias sociais.
4 Países com os maiores e os menores índices de censura
A pesquisa mais citada e respeitada sobre a censura global da Internet foi realizada pelo movimento Freedom on the Net (Liberdade na Rede), criado pela Organização Freedom House. Estas pesquisas oferecem dados analíticos de vários países e dão uma nota para cada país. As descobertas dessas pesquisas estão indicadas acima, com a Estônia e a Islândia sendo os países menos censurados e a China sendo o pior país no quesito de censura. Os países também são separados em três categorias: livres, meio-livres e não-livres. Dos 65 países pesquisados em 2017, 25% eram livres, 43% eram meio-livres, e 32% não eram livres.
A pesquisa em 2012 mencionou que países como Azerbaijão, Líbia, Malásia, Paquistão, Ruanda, Rússia, e Sri Lanka estavam sob risco de censura online. Em termos das melhores notas, a Islândia conseguiu 6, a Estônia 7, o Canadá 16, a Alemanha 18, a Austrália 19, e os Estados Unidos 19. A China conseguiu 88 (a maior), a Síria 86, e o Irã 82. Etiópia, Cuba, Vietnã, Arábia Saudita, e Barém também receberam notas ruins e são países com altos índices de censura na Internet. Além disso, a censura na Turquia, na Indonésia, e na China está ficando pior, não melhor.
Islândia – 6 | China – 88 |
Estônia – 7 | Síria – 87 |
Canadá – 16 | Irã – 82 |
Alemanha – 18 | Etiópia – 82 |
Austrália – 19 | Cuba – 81 |
Estados Unidos – 19 | Uzbequistão – 78 |
Japão – 22 | Vietnã – 76 |
Itália – 23 | Árabia Saudita – 73 |
França – 24 | Barém – 72 |
Geórgia – 24 | Paquistão – 69 |
5 Qual o índice de censura nas mídias sociais?
As mídias sociais estão adotando cada vez mais a censura. O WhatsApp, que é um aplicativo de envio de mensagens popular, está sendo banido em várias nações. Isto está acontecendo, em grande parte, porque os governos não conseguiram que o serviço entregasse os dados dos usuários, ao contrário do Facebook e de outros aplicativos. Além disso, todas as mensagens do WhatsApp são encriptadas, então as agências de inteligência não podem ouvir as conversas privadas dos usuários, assim como facilmente acontece com outros aplicativos mensageiros.
De acordo com um artigo do movimento Freedom on the Net chamado ‘Manipulando as Mídias Sociais para Acabar com a Democracia’, os governos do mundo todo aumentaram os seus esforços para censurar as mídias sociais. O estado atual da censura na Internet parece estar ficando pior e as mídias sociais são atualmente o alvo principal dos governos –
“Os regimes chineses e russos foram os pioneiros das táticas sub-reptícias de distorcer as discussões online e reprimir a divergência de opiniões há mais de uma década, só que a prática se tornou mundial. Tais intervenções lideradas pelo estado são uma grande ameaça à noção da Internet como uma tecnologia libertadora”
“A manipulação do conteúdo online contribuiu para o sétimo ano consecutivo da decadência contínua da liberdade na Internet, junto com um aumento de interrupções dos serviços de internet móvel e um aumento nos ataques físicos e técnicos contra os defensores dos direitos humanos e contra a mídia independente”
“Quase metade dos 65 países pesquisados pelo movimento Freedom on the Net 2017 sofreram decadência durante o período de pesquisa, enquanto apenas 13 receberam melhorias, maioria delas sendo de pouco impacto”
O artigo destacou que a Venezuela, a Turquia, e as Filipinas estavam entre os 30 países em que os governos foram descobertos contratando milhares de “criadores de opinião”. Isso significa que eles praticamente pagaram várias pessoas para publicar nas mídias sociais em uma tentativa de manipular a opinião pública a favor de um ponto de vista em particular. Desde 2009, as tentativas dos governos de controlar as discussões online de tal maneira foram crescendo ano por ano.
O aumento de contas automatizadas e de spam também é um ponto de preocupação, já que pode chegar uma época em que o ato de manipular as mídias sociais se torne um processo automatizado. Tais ataques estão se espalhando e ficando cada vez mais sofisticados a cada ano, e os governos do mundo todo estão se esforçando para influenciar a opinião pública nas mídias sociais.
Isto acontece principalmente porque ninguém mais está usando os canais de mídia tradicionais para obter informação, como os jornais ou os noticiários televisivos. As pessoas estão se voltando a sites de notícias alternativos como o Medium, o YouTube, e as mídias sociais para se informarem. Embora a imprensa e a televisão sejam controladas e centralizadas, a Internet é muito menos monopolizada. Manipular a opinião pública através do spam nas mídias sociais e da censura de conteúdo online é considerado a tática mais eficaz na nova era de distribuição de conteúdo.
6 Qual o índice de censura nos sites de notícias?
No Ocidente, não há um alto índice de censura com relação aos sites de notícias online. Claro que há sites de notícias como o Wall Street Journal e o Financial Times que possuem os seus próprios preconceitos e objetivos políticos que são refletidos em sua forma de escrever. Por exemplo, eles podem geralmente representar os interesses da empresa.
Mas eles não são rigidamente censurados pelo governo e não são acorrentados pelo mesmo. Além disso, há vários canais de mídia alternativa que surgiram no YouTube e em outros canais que são completamente independentes e livres. Embora hajam alegações de que o YouTube esteja censurando canais de notícias populares junto às mídias sociais, isto não passa de paranóia e histeria.
Para se ter uma verdadeira noção da censura de sites de notícias online, é preciso viajar para países menos desenvolvidos como a China, onde as notícias online são manipuladas rigidamente pelas políticas do governo. Países como o Egito, o Afeganistão, e a China aumentaram os seus índices de censura online. A censura online na Turquia, por exemplo, se tornou muito pior. O ditador turco, Erdogan, mantinha os canais de mídia físicos sob controle rígido, como relatado pelo site The Economist, e esse controle agora foi estendido para todos os canais de mídia possíveis.
Nesses países, é simplesmente impossível publicar alguma notícia contrária à ideologia no poder. Isto é uma grande diferença se comparada ao Ocidente, onde, apesar de todas as críticas, é inteiramente possível postar comentários negativos sobre todos os políticos e as elites do poder. Isto pode ser e já foi feito, as mídias sociais, principalmente, foram muito cruéis com relação ao Presidente Trump. Tais comentários levariam a uma rápida sentença à prisão em países como a China ou a Turquia, onde a censura online chegou a um índice extremo.
Deve ser lembrado que embora os sites de notícias online no Ocidente não sofram censura, todos eles podem apresentar uma notícia de forma diferente. Há certos padrões de como as notícias devem ser relatadas. Por exemplo, um crime bárbaro pode ser descrito tanto como um ‘ataque’ quanto como um ‘assassinato’. Nunca haverá uma representação gráfica ou verbal, já que tais detalhes podem irritar o público. O site de notícias sempre agirá de forma seletiva e apresentará apenas os principais detalhes de um problema complexo. Tendo isso em vista, todo conteúdo sofrerá um certo nível de censura, só que há uma grande diferença entre a imprensa usar o seu próprio julgamento e um governo ou uma mega-corporação obrigá-la a dizer o que eles querem que seja dito.
7 Censura no sistema de educação
Embora a censura nas mídias sociais seja um ponto primário de preocupação, também há um índice preocupante de censura no sistema de educação. Isto pode ter um impacto desastroso nas crianças, que estão despreparadas para o mundo real. Relembrando, isto pode ser observado com mais frequência na China, onde os alunos e até mesmo os adultos viajam para países democráticos pela primeira vez e descobrem que o mundo não é nada como eles foram forçados a acreditar pelo currículo chinês. Este fenômeno não acontece apenas na China, mas também em escolas nacionais do mundo todo com diferentes níveis de impacto.
O ditador da Turquia, Erdogan, demitiu 21,000 professores universitários, uma técnica comum usada pelos ditadores que conhecem o impacto que um sistema de educação livre pode ter na opinião pública. Estes professores universitários estudaram a história da Europa e não será possível manipular a opinião pública e reescrever a história se houver um sistema de educação independente expondo a verdade da situação.
A Wikipédia também foi bloqueada na ascensão de Erdogan, assim como o Facebook, o YouTube, e o Google. A Turquia ainda está distribuindo longas sentenças de prisão para jornalistas sob as leis de antiterrorismo e de anti-difamação do país. O YouTube foi bloqueado na acusação de que os seus vídeos destacados estariam insultando Ataturk, fundador da Turquia moderna.
Nos Estados Unidos, houveram tentativas de reescrever a história ao remover todas as incidências históricas de dissidência política. Isto foi feito para espalhar um senso unificado de patriotismo a favor de todas as atividades realizadas pelo governo nacional, como a invasão do Oriente Médio. Todas as incidências de protestos e dissidência política foram apagadas para fazer com que os Estados Unidos pareça uma nação que sempre esteve unida e pronta para estabelecer a união e a paz mundial. Os alunos colegiais do Colorado recusaram aceitar esta cópia censurada da história ao criar vários protestos contra o currículo manipulado que apresentou uma história seletiva.
As universidades também sofrem com este tipo de história seletiva, embora em um nível menor do que os colégios. Há uma grande discussão pública nos Estados Unidos a respeito da biologia e da etnia nos tempos atuais, onde os fatos biológicos estão sendo reescritos para que a identidade de gênero seja legalmente referida como uma construção social ao invés de um fenômeno biológico. Jordan Peterson, um respeitável psicólogo canadense, esteve entre os primeiros a denunciar o ocorrido de tal incidência em várias discussões intensas.
Isto leva a uma repressão de centenas de avaliações clínicas que destacam as diferenças biológicas observáveis entre os dois gêneros. Entretanto, em maioria das instituições universitárias, estes estudos estão sendo ignorados a favor de ideologias da nova era que não foram comprovadas por sequer um único estudo respeitável. A censura de um currículo sem uma razão válida é ilegal de acordo com a lei americana, tanto em colégios quanto em universidades.
8 Como é feita a censura na Internet?
Há quatro formas principais de realizar a censura online. Essas são o Bloqueamento de IPs, a Filtragem de Palavras, o Envenenamento de DNS e a prisão de infratores.
- Bloqueamento de IPs
Os governos podem ordenar que os provedores de Internet (ou ISPs) bloqueiem certos sites e domínios. O desobedecimento às ordens do governo pode levar a multas gravíssimas. Já que não existem muitos provedores em um país tanto quanto em escala global, o setor é bem monopolizado. Isto quer dizer que o governo só precisa obrigar os provedores principais a seguirem as suas ordens. O bloqueamento de IPs é uma das táticas mais comuns de censura. - Filtragem de Palavras
A filtragem de palavras é outra forma de censurar informações. Todas as buscas que contém certas palavras são bloqueadas automaticamente. Um exemplo disto pode ser visto na China, onde o aplicativo social de envio de mensagens WeChat pode bloquear conversas que contém certas palavras com o potencial de ameaçar o partido no poder na China. Os sites de busca também podem ser obrigados a realizar este tipo de censura de palavras. Em uma escala nacional, isto requer um sistema complexo de detecção de intrusos (IDS). - Envenenamento de DNS
Também conhecido como falsificação de DNS (Sistema de Nome de Domínio), sabotagem de DNS, ou hack de DNS. Este método corrompe os dados do DNS e os envia a um endereço IP diferente. Mais uma vez, a China nos oferece um exemplo perfeito. As pessoas que tentam acessar sites como o Facebook são redirecionadas a um site diferente. Além disso, as pessoas que tentam acessar tais sites podem receber uma visita das autoridades, em certas circunstâncias. Os nomes de domínio são mais difíceis de sabotar, ao contrário dos endereços IPs, assim tornando o envenenamento de DNS uma medida mais eficaz do que o bloqueamento de IPs. O envenenamento de DNS e a filtragem de palavras podem ser aplicados juntos para obter um regime de censura mais rígido. - Multas e Apreensões
Nada funciona tão bem quanto jogar alguém na cadeia por publicar ou até mesmo ler uma informação que vai contra a ideologia do partido no poder. Isto é geralmente vivenciado em ditaduras ou governos extremamente autoritários, como o da China. Há uma estimativa de que a polícia da Internet da China gira em torno de 50,000 policiais. Estas são pessoas que rastreiam e monitoram as atividades online, e fazem o mandado e a apreensão dos “infratores”. Isso cria um sentimento de medo no desempenho das atividades online e esses países não perdem nenhum tempo fazendo isso. Embora essa polícia tenha operado de forma privada, agora ela está em público. O objetivo dessa força policial, de acordo com as autoridades chinesas, é “purificar a Internet”.
9 Como lutar contra a censura
Há várias formas de lutar contra a censura, algumas mais eficazes do que outras. Veja alguns dos métodos a seguir para ter boas práticas online. O fato é que a censura vai piorar e que você precisa proteger a sua identidade online o quanto possível nos próximos anos.
Rede Virtual Privada (VPN)
A VPN é a forma mais direta e eficaz de lutar contra a censura de todos os tipos. Em essência, o dispositivo que você está usando recebe um novo endereço IP e acessa a Internet através de um local diferente. Se você estiver vivendo em um país onde um certo site está banido, você pode alterar o seu endereço IP com o uso de uma VPN e acessar tal site através de um país que não o tenha bloqueado.
As VPNs são geralmente bem simples de usar e de configurar, todas as informações que você enviar serão encriptadas para que ninguém possa ver ou entender o que você está fazendo online. Entretanto, elas podem acabar reduzindo a velocidade de sua Internet, o que pode ser bem frustrante. O IP Vanish, e o Express VPN são alguns dos serviços VPN mais bem recomendados.
IPVanish
ExpressVPN
Conheça os seus direitos
Conhecer os seus direitos serve como uma grande ajuda se o conteúdo que você publicar for censurado. Às vezes, os moderadores podem alterar ou excluir um comentário que você fez em uma mídia social. Isto pode ser uma violação das regras legalmente estabelecidas pelo site e dos princípios a respeito da liberdade de expressão. Todos os que usam as mídias sociais possuem o direito de se expressarem livremente que eles podem exercer. As pessoas que foram censuradas de forma injusta devem protestar publicamente contra o problema. Este é o poder das mídias sociais, elas podem criar uma sensibilização contra esses tipos de injustiça.
Escolha o site de busca certo
Atualmente, há uma grande variedade de sites de busca privados sendo lançados para atender à demanda pela privacidade e pelo anonimato. Sem dúvida, o Google é o melhor site de busca e possui o algoritmo mais eficaz. Entretanto, a diferença vem diminuindo recentemente e o Google se tornou também um dos sites de busca menos privados. As alternativas à sua altura são o Duck Duck Go, o Swiss Cows, e o Start Page. Estes sites de busca não rastreiam ou colhem os dados dos usuários.
O motivo pelo qual o algoritmo do Google é tão eficaz é porque ele adapta os resultados às suas preferências. Ele conhece o seu histórico de busca, os anúncios e os resultados de busca baseados nos dados que colheram de você no passado. Ao usar um site de busca privado sem nenhum conhecimento seu, os resultados podem ser estranhos, mas eles são bem mais diretos.
Escolha a mídia social certa
Alguns canais de mídias sociais são bem piores do que outros quando se trata da censura. O Facebook, sem dúvida alguma, é uma das piores escolhas. Eles têm um histórico enorme de escândalos, principalmente com a venda dos dados dos usuários para gerar lucro. O dono do site, Mark Zuckerberg, disse uma vez a um colega que ele poderia dar as informações de qualquer pessoa em Harvard, com todas as suas fotos e as datas de nascimento.
Embora o Facebook não tenha o melhor caráter, como visto no escândalo do Cambridge Analytica, há várias alternativas que focam na privacidade dos usuários. Vários desses canais de mídias sociais encriptam todos os seus dados, não criam registros, e não exibem anúncios. Alguns dos sites populares são o Vero, o Steemit, o Ello, o Mastodon, e o Diaspora.
Proteja os seus dados
Quando os seus dados são encriptados, o governo e as empresas não podem decifrá-los. Todos os dados encriptados podem ser comprometidos se houverem bastantes recursos computacionais. Entretanto, isto leva tempo demais e não vale a pena hackear grandes quantidades de dados na Internet, sendo que a maioria deles são inofensivos. Você não precisa encriptar os seus dados você mesmo, é só usar um serviço que encripta as suas transmissões para você.
As VPNs podem encriptar os dados que você envia nos sites que você visita, os serviços de e-mail privados como o ProtonMail podem encriptar todas as mensagens de e-mail que você envia e recebe, e os aplicativos de envio de mensagens privados como o WhatsApp e o Telegram Chat podem encriptar todas as suas conversas. A encriptação é uma medida super-eficaz para lutar contra a censura do governo.
Use menos a Internet
Uma das melhores formas de lutar contra a censura online é usar a Internet com menos frequência. Ficar longe do perigo é, às vezes, a solução mais eficaz. É possível que, no futuro, seja ainda mais impossível lutar contra a censura. Será um mundo infestado de inteligência artificial, com dispositivos super inteligentes que se conectam uns aos outros.
Faça menos publicações, desconecte-se da tecnologia e não deixe nenhum rastro para que o governo não possa lhe rastrear. Compre produtos em sua cidade e em lojas reais, isso vai ajudar o meio-ambiente e vai ferir as grandes empresas que estão sempre rastreando, monitorando e vendendo os seus dados. O monitoramento e a venda dos dados dos clientes online é um negócio sujo que deve ser combatido de todas as formas, principalmente se abandonarmos os hábitos consumistas online.
Apoie as organizações a favor da Liberdade de Expressão
O uso de uma VPN é fundamental, reduza o seu tempo online, e use as mídias sociais privadas e os serviços de mensagem encriptados quando possível. Entretanto, essas são apenas algumas medidas preventivas. A não ser que a população expresse a sua opinião e lute contra as empresas e contra o governo, a censura apenas continuará a crescer e a piorar. Uma forma de fazer isso é apoiar as organizações que lutam a favor da liberdade de expressão de qualquer forma possível.
O Avaaz é um site ativista internacional que cria uma movimentação por e-mail relacionada a problemas com o meio-ambiente, com a liberdade de expressão, e com o corporativismo. Eles venceram um caso judicial contra o Monsanto e também venceram várias batalhas políticas para proteger as florestas e os animais em risco de extinção. Eles também fazem campanhas a favor de liberdades sociais, como a liberdade de expressão e a liberdade de associação. Há várias organizações assim que são bem eficientes, ganhando centenas de milhares de assinaturas em poucas horas através da correspondência por e-mail.
Apoie a liberdade de imprensa e as mídias alternativas
Semelhante ao item acima, há várias organizações que lutam e fazem campanhas a favor da liberdade de imprensa e da mídia independente. Organizações como o Comitê para a Proteção de Jornalistas, a União Americana pelas Liberdades Civis (ou ACLU, American Civil Liberties Union), a Sociedade dos Jornalistas Profissionais (The Society of Professional Journalists), e a Fundação Liberdade de Imprensa (The Freedom of the Press Foundation). Uma sociedade bem sucedida depende completamente de uma imprensa livre.
A sorte do Ocidente é que o YouTube e a Internet ainda não foram extremamente censurados. Caso contrário, os pontos de vista e as opiniões internacionais seriam forçados a seguir uma narrativa apresentada pelas elites, pelas empresas, e pelos governos no poder. Isto é o que eles estão se esforçando para fazer, é necessário haver organizações para lutar contra eles com relação à censura na Internet.
Use a Tecnologia de Contabilidade Distribuída
A Tecnologia de Contabilidade Distribuída (DLT – Distributed Ledger Technology, também conhecida como blockchain) é um novo conceito em que as transações são registradas em um livro de registros digitalizado. Já que ninguém é dono do blockchain, e já que os servidores estão ‘distribuídos’ pelo mundo todo, o governo não pode censurar nada. Não há empresa que possa processar alguém e nem pessoas que possam ser investigadas em vários casos. O Ethereum é um ecossistema com o objetivo de criar uma Internet descentralizada sem que as empresas sejam donas de vários sites. O Airbnb, o Facebook, o Twitter, o Tripadvisor seriam todos substituídos por alternativas automatizadas sem interesses investidos.
Há um aplicativo chamado Liberdy.io que tem o foco de entregar os dados de volta aos usuários. O aplicativo pode verificar manualmente se alguma empresa como o Facebook, o Amazon, ou o Google está em posse das informações de uma certa pessoa. A pessoa pode então exigir que os dados sejam entregues de volta e oferecê-los diretamente aos criadores de anúncios, ao invés de deixar que as suas informações sejam colhidas de graça por esses sites e vendidas sem mais, nem menos repetidamente.
Nota do Editor: A transparência é um dos nossos valores fundamentais na WizCase, por isso você deve saber que fazemos parte do mesmo grupo de propriedade que ExpressVPN. No entanto, isso não afeta nosso processo de revisão, pois seguimos uma metodologia de teste rigorosa.
10 Conclusão – lutando contra a censura em uma era de censura digital
Embora o estado da censura na Internet esteja piorando, o futuro pode parecer melhor do que imaginamos. Com a evolução da tecnologia distribuída, está ocorrendo uma descentralização da própria Internet, das mídias sociais e dos sites de notícias. Isto quer dizer que haverão novas plataformas que realizarão as mesmas funções da Internet e dos sites de mídias sociais, só que estarão protegidos da censura do governo. Isso porque elas serão automatizados e serão de propriedade do público, hospedadas em vários servidores distribuídos pelo mundo todo.
Enquanto isso, devemos adotar as melhores práticas para lutar contra a censura. Ter uma VPN é uma necessidade, o primeiro passo, e também o mais importante. Depois disso, deve-se escolher sites de mídias sociais e aplicativos de envio de mensagens privados para substituir o Facebook, o Twitter, e o Instagram. O Gmail também deve ser substituído por um serviço de e-mail encriptado e também deve haver um site de busca privado para manter as suas buscas a salvo.
Se você adotar estas funções, você terá feito o seu dever como um cidadão livre e terá feito um trabalho excelente protegendo os seus dados contra as empresas e contra o governo. Para fazer mais ainda, leve a sua voz à tona e dê o seu apoio financeiro às organizações que lutam a favor da liberdade de imprensa e das liberdades civis. Você também pode começar a usar a tecnologia distribuída assim que ela se tornar acessível, uma tecnologia criada com base na ideia de uma sociedade livre e de portas abertas. Quanto mais pessoas usarem essas tecnologias, mais rápido ocorrerá a mudança de uma Internet censurada, a uma Internet que está imune da censura.
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