A conferência IACP em Boston destacou o papel crescente da IA na polícia moderna

Na conferência da IACP, chefes de polícia exploraram tecnologias de IA como treinamento em RV, relatórios generativos e sistemas de dados, levantando preocupações com a privacidade e destacando lacunas regulatórias na polícia.

A conferência da Associação Internacional de Chefes de Polícia (IACP), uma das reuniões mais exclusivas no campo da aplicação da lei, ofereceu um raro vislumbre da evolução da tecnologia policial no mês passado em Boston, de acordo com um comunicado de imprensa da MIT Review.

O evento, frequentemente fechado para a imprensa, reuniu líderes de todo os EUA e do exterior para discutir inovações que estão moldando o futuro da polícia.

O MIT relata que fornecedores e empresas exibiram ferramentas de ponta destinadas a revolucionar as práticas policiais, particularmente em treinamento, análise de dados e tarefas administrativas.

Uma das demonstrações mais chamativas foi da V-Armed, uma empresa especializada em sistemas de treinamento em realidade virtual (VR). Em seu estande, equipado com óculos de VR e sensores, os participantes poderiam simular cenários de atiradores ativos.

O treinamento em VR, aclamado como uma alternativa envolvente e econômica aos métodos tradicionais, tem despertado o interesse de departamentos de polícia, incluindo o Departamento de Polícia de Los Angeles.

No entanto, críticos argumentam que, embora os sistemas de VR ofereçam experiências imersivas, eles não conseguem replicar as interações humanas sutis que os oficiais encontram em situações do mundo real.

Além do treinamento, o papel da IA na coleta e análise de dados ganhou destaque. Empresas como Axon e Flock apresentaram sistemas integrados que combinam câmeras, leitores de placas de veículos e drones para coletar e interpretar dados, relata o MIT.

Essas ferramentas prometem eficiência, mas despertaram preocupações com a privacidade. Defensores das liberdades civis alertam que tais sistemas podem levar a uma vigilância excessiva com responsabilidade limitada ou benefício público, relatou o MIT.

A eficiência administrativa foi outro foco principal. Axon introduziu o “Draft One”, uma ferramenta de IA generativa que cria rascunhos iniciais de relatórios policiais analisando imagens de câmeras corporais.

Embora essa tecnologia possa economizar tempo significativo para os policiais, especialistas jurídicos como Andrew Ferguson alertam contra o risco de imprecisões nesses documentos críticos. Erros ou vieses em relatórios gerados por IA podem influenciar os resultados dos casos, desde decisões sobre fiança até vereditos de julgamento, diz o MIT.

O MIT observa que a ausência de regulamentações federais que regem o uso de IA na polícia aumenta a complexidade. Com mais de 18.000 departamentos de polícia amplamente autônomos nos EUA, as decisões sobre a adoção de ferramentas de IA ficam a cargo das agências individuais.

Esta abordagem fragmentada suscita preocupações sobre padrões inconsistentes de ética, privacidade e precisão. À medida que a IA se torna um pilar da polícia, sua expansão não regulamentada destaca a necessidade de supervisão.

Sem limites claros, os críticos alertam que a indústria corre o risco de priorizar o lucro em detrimento da responsabilidade pública – um desafio que deve se intensificar em meio a mudanças de prioridades políticas e avanços nas tecnologias de policiamento.